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Fotografia clique a clique – Breve Introdução ao Foco

Seguindo a série, Fotografia Clique a Clique, na qual conhecemos os conceitos técnicos da fotografia, hoje discutiremos o conceito do Foco. Alguns conceitos na fotografia são tão básicos que às vezes até deixamos de estudá-los. Pegue sua câmera, e observe o visor, você saberia explicar por que uma cena está focada ou fora de foco? Você saberia explicar o que exatamente é o foco?

jatefalei_foco-4A mecânica de funcionamento de uma câmera é incrívelmente parecida com a mecânica de nossos olhos, que estão constantemente se adaptando para registrar e  compreender da melhor forma possível o mundo a nossa volta, mas para conseguir captar os pequenos detalhes, as pequenas diferenças e variações de luz e formas, nossos olhos precisam ser capazes de focar sobre tais detalhes.

jatefalei_foco-3O Ponto Focal é o ponto de convergência dos raios luminosos, observar algo que está devidamente focado, significa que o ponto de convergência da projeção da luz daquele objeto se encontra exatamente no receptor. Se o ponto de convergência estiver projetado antes ou depois do receptor, o objeto está “Fora de Foco”. Assim, os detalhes daquela cena parecem estar “embaçados” ou confusos, é quando ocorre a miopia ou o astgmatismo, quando o ponto focal é projetado antes ou depois da nossa retina.

É mais ou menos assim que seu amiguinho que usa óculos enxerga o mundo:

Sem os óculos…

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E assim com óculos…

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Os óculos são lentes corretivas que reposicionam corretamente o ponto focal em nossa retina. O mesmo conceito se aplica às nossas câmeras. Toda lente possue uma parte móvel que se aproxima ou afasta, se adaptando e corrigindo a projeção do ponto focal no sensor.

O foco, é um dos mais importantes controles criativos do fotógrafo, dominar suas diferentes aplicações abre um universo imenso de novas possibilidades que com certeza farão toda a diferença em seu trabalho. E é claro que, Clique a Clique, ainda exploraremos cada uma dessas possibilidades aqui no Já te Falei. Acompanhe!

Fotografia Clique a clique – ISO Sensibilidade do Sensor

Como combinado semana passada, hoje conversaremos sobre a primeira das variáveis principais que influenciam na exposição fotográfica; a Sensibilidade do Sensor ou Valor de ISO.

ISO é uma escala internacional de padronização da sensibilidade à estímulos luminosos de uma determinada superfície.  (ufa! Leia novamente com calma). Agora vamos por partes:

A fotografia é a captação ou registro de informações transmitidas por partículas de Luz, essas partículas são os fótons. Para capturá-los, é necessário algum tipo de superfície que intereja com tais partículas.

  • O que é o Sensor de Imagem?

Aquele filme fotográfico que utilizávamos há uns 20 anos era coberto com uma camada de produtos químicos que interagiam e registravam as informações contidas nos fótons. Mas o processo se modernizou, hoje, os fótons interagem com uma superfície coberta de sensores eletrônicos que reagem à luz. Ou seja, o Sensor de hoje é o Filme de ontem, o sensor de imagem é a superfície que registra a luz.

  • Registro de Informação: Pixels

O Sensor da sua câmera “traduz” a luz em impulsos elétricos. Para isso, ele é dividido e mapeado por uma espécie de “rede” que vai registrar as informações de Luz captadas para que seja reproduzida novamente no visor da sua câmera ou na tela do seu computador. Cada espaço entre as linhas verticais e horizontais  é uma unidade de imagem conhecida como Pixel, se sua câmera possui 16 Megapixels ela possui 16 milhões de pixels. Cada Pixel é preenchido com informações específicas de cor e quantidade de luz da cena que você está fotografando.

  • Quantidade de Luz

ISOxLuzA exposição fotográfica balanceada ocorre quando é captada uma quantidade suficiente de luz, lembra? Nem luz demais, nem luz de menos. Quando você fotografa com um ISO MENOR, você precisa de uma quantidade MAIOR de luz. Fotografando com um ISO MAIOR você precisa de uma quantidade MENOR de luz. Ou seja, a relação entre o valor de ISO é inversamente proporcional à quantidade de luz necessária ou disponível para captar a cena.

Utilizei na cena acima exatamente a mesma iluminação e configurações modificando apenas o valor do ISO. Viu a diferença?

Subexposição: Com ISO 100 e 200 o sensor da minha câmera teve dificuldades em captar luz suficiente para expor a cena corretamente, pixels que deveriam possuir alguma cor não registraram luz alguma e permaneceram pretos.

Exposição balanceada: Entre ISO 400 e 800 a exposição está correta e você pode optar por qual leitura da cena agrada mais aos seus olhos. Cada pixel registrou a informação de cor correta, apenas com alguma diferença na quantidade de luz.

Superexposição: Acima de ISO 3200, o sensor captou luz demais, pixels que deveriam ter sido preenchidos com cor, registraram muita luz e se tornaram brancos.

  • Ruído

Por que, então não fotografamos sempre com uma alta sensibilidade de ISO? Pra quê tantas configurações diferentes? Bom, eu também já me perguntei isso, e encontrei a resposta na prática. Abaixo, fiz uma comparação entre diferentes valores de ISO mantendo a exposição corretamente balanceada, observe:

Maiores valores de ISO geram na imagem o chamado “Ruído”. Isso ocorre quando alguns pixels não conseguem registrar as informações corretamente e se tornam simplesmente cinza.

É o fim do mundo? Não! Claro que existem momentos em que é essencial manter a qualidade da imagem e fazer algum esforço para que o ISO permaneça baixo e sem ruído, mas, a tecnologia atual nos permite fotografar com um ruído mínimo e imperceptível até ISOs em torno de 800 ou 1600. Devemos considerar também que existem momentos nos quais o simples registro da imagem é muito mais importante que a qualidade da imagem.

  • Na prática

Com a fotografia digital podemos mudar o Valor de ISO quando bem entendermos, na era da fotografia analógica não. Nossos antecessores, ou até alguns de vocês carregavam vários filmes cada um com um valor de ISO diferente, e quando você colocava um filme na câmera, era necessário finalizá-lo para que fosse trocado.

Então não reclame de um pouquinho de ruído em ISO 800, o ruído muitas vezes proporciona um aspecto interessante de textura para a foto, se bem utilizado. Mas conheça o seu equipamento, faça esse teste e descubra até que ponto sua câmera lida bem com o ruído, e a partir de onde o ruído estraga a imagem.

Confira os outros posts da série “Clique a clique”:

A Matéria Prima da Fotografia

Toda a atividade humana envolve a utilização de algum material específico que captamos e transformamos para utilização prática ou simplesmente para nossa comunicação e expressão. Em contato com o natural, aprendemos a manejá-lo de acordo com nossas necessidades. Aquilo que a natureza nos oferece é chamado de “Matéria Prima”.

Um marceneiro deve conhecer as propriedades dos diferentes tipos de madeira para aproveitá-la da melhor forma possível. Um pintor, artístico ou não, precisa conhecer as propriedades das tintas e das superfícies nas quais serão aplicadas. Um escritor conhece à fundo a linguagem, letras, palavras, poéticas. Um bailarino precisa conhecer cada limite e possibilidade de seu próprio corpo. Um músico deve conhecer o som, todas suas características e possibilidades.

Para nós, fotógrafos, não é diferente. Precisamos conhecer profundamente nossa matéria prima para compreender como se comporta, quais seus limites e quais suas possibilidades, e apenas quando dominarmos nossa matéria prima, dominamos nossa criatividade. Nossa matéria prima? A Luz(show) Rovella -118-5

Aplicada à fotografia, a luz possui três características principais:

  • Quantidade

Também podemos nos referir à quantidade de luz como “intensidade” ou “brilho”. Nossos olhos se adaptam muito bem às diferenças entre as quantidades de luz. Por isso, muitas vezes acreditamos que nosso equipamento conseguirá captar a cena exatamente como a vemos e nos decepcionamos.

A quantidade de luz influencia diretamente na regulagem da exposição fotográfica, por isso, é sempre imprescindível configurar qualquer equipamento que esteja usando para a intensidade de illuminação da cena. Erros de configuração causam os fenômenos da sobrexposição e da subexposição. Sobrexposição significa que você captou luz demais enquanto subexposição significa que foi captada uma quantidade insuficiente, perdendo informação que deveria ser registrada.

  • Qualidade

Calma, não se trata de luz boa ou ruim, mas sim da difusão com que a luz atinge um objeto. A qualidade da luz trata-se basicamente do tamanho da fonte de luz em referência à um objeto. Se uma fonte de luz é pequena, resulta em uma luz Dura, direta, com um alto contraste entre luz e sombra e cores saturadas. Ao contrário, uma ampla fonte de luz resulta em uma luz difusa ou suave, que se espalha igualmente e por todo o objeto, criando pouco contraste entre luz e sombra, cores mais amenas.

Não se engane, por maior que seja, o Sol é uma fonte de luz dura. Por estar à milhões de quilômetros, em referência a um objeto que está próximo, o Sol é muito menor que uma janela, por exemplo.

  • Temperatura

 A temperatura é uma característica que se aplica melhor à cor que à luz, porém, diferentes fontes de luz resultarão em diferentes cores que iluminam a fotografia como um todo e transformam o branco real, que nós observamos, em tons variando entre azulado e amarelado. Por isso, a maioria das câmeras compactas e todas as avançadas oferecem ajustes de “Balanço de Branco”.

Pergunte a qualquer fotógrafo, o balanço de branco é uma das propriedades mais complexas e desafiadoras para qualquer iniciante. Deixo registrado aqui que ainda não domino perfeitamente o conceito, por isso não nos aprofundaremos, ainda!

Mesmo sendo essas as principais características da Luz na fotografia, não são as únicas. É importante nos aprofundarmos no domínio de nossa matéria prima, pois assim podemos moldá-la, captá-la das melhores formas, dominando a luz e de acordo com a sua criatividade. Conheça TUDO sobre a Luz e saberá domá-la.

Portanto, lembra aquele livro sobre Física do seu colégio? Hora de tirar a poeira!